Sobre espíritos destruídos.
Então ele escapa sorrateiramente do corpo marcado e materializa-se em uma pessoa. Uma pessoa de consistência opaca, irreversivelmente sádica. Me tortura por dias a fio. O preço que pago por tudo que tenho feito a ele? Provável. Mas sabe que não pode ir muito longe. Sabe que eu o pertenço, assim como ele a mim. Os gritos abafados da carne rebelde, da alma perfurada pela falta de compaixão... Em nada diferem dos gritos agonizantes do espírito maltratado. E agora se vira contra mim. Sua hospedeira indelicada e homeopaticamente gentil. Tenho sido um exemplar algoz pro corpo. Pra alma. Pro espírito. Não sei lidar com o que me foi entregue, e carrego a culpa em meus ombros cansados. Mas confesso que me agradou muito ter ficado inconsciente.
Nenhum comentário:
Postar um comentário