terça-feira, junho 1

sobre o silêncio sepulcral.

Outro dia eu estava conversando (escrever pra mim, é conversar) sobre minha inaptidão pra honestidade. Eu sou uma grande mentirosa, e talvez minha alma de artista me dê algum privilégio acerca disso. Eu não me importo, mentir é necessário. Mas não falei sobre as mentiras alheias. Aquelas, aquelas mesmas que vêm acompanhadas de algumas palavrinhas agridoces, ou somente... somente doces. As palavras deles. É que eu descubro tanta coisa sobre as pessoas que amo, coisas que não deveria, mas estão aqui. Martelando na minha cabeça, sussurrando pra mim todas as noites, antes de eu conseguir dormir. Eles falam, mas eu não acredito. E isso me dói. Dói fundo. Dói porque eu desconfio de quem eu amo. Dói porque eu queria que fosse verdade, mas não acho que seja. Acho que seria um bálsamo magnânime pra minha alma cansada, conseguir acreditar e encontrar assim, conforto em tantas declarações. É que têm se tornado mecânicas. E hoje eu eu pude constatar o quão frágeis e insólidas são as minhas estruturas psíquicas. Destruindo-se ao primeiro sopro suave. Então eu não passo mais uma noite sem pensar nas coisas que não quero saber. Eu posso reviver cada emoção momentânea que as palavras deles me causam, antes de vê-las extinguindo-se em dúvidas, ciúmes, raiva. Poeira. Eu sinto meu rosto encharcando-se em lágrimas de ódio. Eu sinto meu estômago doente. Eu me sinto sozinha de novo.

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