Sei que não posso exigir que os termômetros apontem alguns graus negativos e que chova todos os dias inteiros. Sei também que só daqui algum tempo poderei viver em um lugar maravilhoso que me dê todo o cinza gélido para o qual fui feita e amo. Mas enquanto estes dias agasalhados não chegam, eu prefiro continuar reclusa dentro de casa, evitando as altas temperaturas a que estaria exposta saindo por aí. Posso manter meu quarto sempre gelado com frio artificial e tomar quantos banhos meu corpo achar necessário. Quem sabe amanhã não seja dia de chuva e eu possa vestir casaco, chutando a água de pequenas poças na rua?
n. the exquisite pain of wanting the affection of someone you know you can never have.
quarta-feira, dezembro 15
Frustrações, sensações, fascinações.
Tenho vivido sob o calor de manhãs e tardes ensolaradas com um sabor de incerteza nos lábios. Já não me incomodo tanto com o clima tropical desta cidade quanto antigamente, embora ainda deseje honestamente que as chuvas sejam mais contínuas, sem tantos intervalos entre si. Também sinto-me especialmente tranquila quando consigo desacelerar esse meu velho ritmo de ansiedade, somente por ficar observando e ouvindo a quase-canção da água que cai pesadamente dos céus. Quando chove e a temperatura cai, ou quando nuvens escondem o sol durante um dia inteiro deixando a cidade com uma linda aparência acinzentada, sinto-me em paz. Talvez não aquela paz que atinja mente e emocional, mas uma sensação de tranquilidade por estar vivendo aquele momento de "sintonia" com a natureza. Sempre tive pouco contato com ela, mas sempre que tenho oportunidade, aproveito todos os segundos pra tentar compreendê-la, usando todos os artifícios que meus seis cinco sentidos me proporcionam. Gosto de sentir o frio gelado acariciando meu rosto e desarrumando meus cabelos; gosto da sensação relaxante de sentir os pés nus afundando na grama encharcada; aprecio muito poder pular dentro de poças d'agua e com isso molhar minhas roupas. E cá estou; deliciando-me com as temperaturas mais baixas, mesmo que elas sejam tão "de vezenquando". Pensar sobre o clima tem sido um grande conforto ultimamente. Inesperado, porém não menos reconfortante. São tantas pendências na minha vida, que talvez eu só precise brincar na neve um pouco, tomar um bom chocolate quente em frente à lareira, acompanhada por uma boa leitura como Victor Hugo. Só preciso de um pouco de paz em um lugar diferente e menos úmido, onde eu possa voltar a ser criança e seguir uma trilha de formigas carregando a provisão pra dentro de seu abrigo, pra em seguida, ao notar em mim algum cansaço, esconder-me embaixo de cobertores com Chopin ou Debussy tocando pra mim nos ouvidos. Creio que poderia ficar mental e emocionalmente mais disposta pra digerir e enfrentar os dissabores que me atormentam diariamente. Creio também que daria menos importância a pequenas coisas que aguçam meu mau humor e tentaria relevar boa parte das que me entristecem.
Sei que não posso exigir que os termômetros apontem alguns graus negativos e que chova todos os dias inteiros. Sei também que só daqui algum tempo poderei viver em um lugar maravilhoso que me dê todo o cinza gélido para o qual fui feita e amo. Mas enquanto estes dias agasalhados não chegam, eu prefiro continuar reclusa dentro de casa, evitando as altas temperaturas a que estaria exposta saindo por aí. Posso manter meu quarto sempre gelado com frio artificial e tomar quantos banhos meu corpo achar necessário. Quem sabe amanhã não seja dia de chuva e eu possa vestir casaco, chutando a água de pequenas poças na rua?
Sei que não posso exigir que os termômetros apontem alguns graus negativos e que chova todos os dias inteiros. Sei também que só daqui algum tempo poderei viver em um lugar maravilhoso que me dê todo o cinza gélido para o qual fui feita e amo. Mas enquanto estes dias agasalhados não chegam, eu prefiro continuar reclusa dentro de casa, evitando as altas temperaturas a que estaria exposta saindo por aí. Posso manter meu quarto sempre gelado com frio artificial e tomar quantos banhos meu corpo achar necessário. Quem sabe amanhã não seja dia de chuva e eu possa vestir casaco, chutando a água de pequenas poças na rua?
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