segunda-feira, julho 30

Respirar dói, e, meu bem, podemos começar com isso.

Andei ocupada pincelando cenários utópicos em daydreamings infinitos, despejando apostilas pesadas aos cuidados do vento, assistindo-as (com a delícia do desleixo proposital) desfolharem-se como se cada página fosse um amontoado de palavras e figuras que tratassem de mim. Só que de mim é irrelevante.

Achei uma nova forma de convivência e esta também não me agradou. Minha faceta predominante gosta de poder entrar e sair sem cerimônia quando as companhias são mais sufocantes que a minha própria. Em muitas investidas eu tento me encaixar em um bojo. Ter um significado. Adaptar-me às companhias que tenho. Ah, mas que é que eu faço com a angústia que a convivência humana me faz sentir? Reprimir impulsos rudes de sociopatia já me cansa. 

Hum, gosto de pensar que seria de enorme ajuda, uma epifania daquelas divisoras de águas, uma grande visão a chofre, um conselho genial, qualquer coisinha significante que me dê a arma necessária para dissipar a quilométrica nuvem negra e opaca que dança à minha fronte. Um pouco de força e crença para buscar fé em qualquer coisa ou pessoa ou deus. A dor de viver não deveria me paralisar. 

Odeio me sentir dependente de outrem. Tenho ânsias de prantos isoladamente ou em público, e não sei o porquê. Como um filhote de elefante desajeitado, irritável, desprotegido. Eu mal posso dizer o que estarei fazendo dentro de três dias e não me importo com o que estarei fazendo em dia algum, já sei que serão coisas de uma inutilidade tamanha que suas únicas serventias serão a de alimentar o meu desejo de desaparecer.

A minha presença ou ausência ou aparência, nada de mim pode ser medido. E a minha própria garganta é o meu maior castigo.

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