sexta-feira, agosto 24

Chorinho da semana e o calcanhar de Aquiles.

Acho que eu não gosto mesmo é de desabafar. Não gosto de tratar verbalmente sobre as merdas da minha vida com quem nunca poderá me verter alívio; e quando o faço, é mostrando somente a ponta do iceberg das feridas e batidas cardíacas descompassadas, uma pontinha da minha escuridão. Me sinto como um gelo queimando devagar, tão lânguidamente como meus trejeitos o são. Esmiuçando minhas tristezas p'ra tentar compreender daonde é que elas vêm é que consigo me beijar em tons de tranquilidade úmida. Me sinto forte ao entender que, apesar de andar no mundo assustada com tudo e pontualmente degustando a velha melancolia entre os dentes, ainda consigo re-amar tantas vezes o amor me for introduzido. Mas que segurança eu tenho para abrir-me em honesta confissão de pecados? E relatar - fragmentos que sejam - dos horrores vividos e que ainda agora me assombram... Pra quê? Não existe confiança em lugar nenhum do mundo onde a artilharia emocional consiste em atacarmos os pontos fracos uns dos outros. Sempre, homens e mulheres destilando rancor e insensibilidade. Escondo perfeitamente minhas cicatrizes porque um dia já as compartilhei; como recompensa ganhei novas e maiores. Então que me deixem arcar com com os prantinhos que me cabem, desabafos entre nós são uma perda de tempo.

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