terça-feira, outubro 16

Twenty years to go...


Travis,

isso é mais um borrão, meu bem, mais borrão do que traços firmes. E é desde agora que peço as desculpas pela falta de jeito. Mas também não poderia deixar passar - novamente - a vontade de te dizer certas coisas. E que duas décadas não são pouca coisa, isso você já sabe, você até mesmo deve sentir sobre os ombros, o peso desses anos longos que, em algum momento, enlaçaram-se aos meus. Isso é mais sobre o quanto eu admito a necessidade de ter você comigo, do que sobre felicitações à sua existência bidezenal. E com o perdão do neologismo, eu inventei muitas coisas, como um lugar só pra gente. Vou te levar pra lá, casar você comigo, me fazer gravata e artista pra enforcar suas dores e pintar seus dias cinzentos. Agradeço pelas borboletas do estômago que você me deu, as diárias horas a fio que você me roubou e a alegria que me coloca no rosto quando as pessoas não são nada além de uma peça cubista deteriorada. E foi bem assim que eu me senti todo o tempo. E a pessoa inédita que você é, inédita nos seus modos e trejeitos e ideais. É com tamanha singularidade (lembra dela? ela não estava errada) que você vai conquistar o mundo, se assim quiser. Se o quiser. Se ele tiver ainda alguma serventia e puder ser transformado ou apenas contemplado. Todas as pessoas do espectro humanoide, você pode ser. Todas as coisas que habitam o campo dos sonhos, você poder ter. Isso é tão real quanto é real que você exista. Como... uma compensação pelas malfadadas experiências sociais. Minhas e de qualquer pessoa que o conheça como eu conheço. Não sei de tudo, mas sei de muito sobre você. E o que sinto abrange tudo que você é. O que sinto abraça e ama a tudo que também virá a ser. E eu acho que funciona assim, sabe do que eu tô falando? Você conseguir amar todas as facetas da mesma pessoa e cultivar o amor mesmo quando ela te mostra um lado que você discorda completamente. Comigo foi e é assim. Eu só quero amar você por inteiro, alcançar os cantos que você mais detesta em si mesmo e te fazer enxergar que tudo é amor. É poliamor. Eu, você e nossas humanidades, de preferência em uma cama, feitos um resistente nó de cordeirinhos arfantes. Porque eu me enlaçaria a você pelo resto da minha vida e dividiria contigo tudo que fosse compartilhável. E o que não fosse, então não serviria pra mim também. 
Lamento que não seja feliz em externar o que sinto, quando você é tão passível de receber "todo amor que houver nesta vida" e mais. Gostaria de escrever algo que o fizesse sorrir e sentir-se verdadeiramente amado pelos próximos vinte anos. Mas eu posso tentar, se você quiser minha companhia até lá. Enquanto isso não acontece, me deixa provar mais da tua vida e corar sob o céu, que sabe tudo sobre mim e lê nossos segredos. 

Felizes vinte anos. Te vejo em Paris, e levo meu coração tropeçante.

Com amor,
Desert.

Um comentário:

Travis disse...

Ah minha rainha, obrigado pelas doces e singelas palavras. Nada nesse mundo foi melhor do que receber seu desenho e esse belo texto. Tu como escritora é tão boa, tudo que tu escreve me atrai, me fascina. Eu fico muito feliz de saber disso e saiba que eu salvei tudinho. Obrigado mais uma vez por tudo, eu te amo demais. Obrigado, obrigado meu amor. Et nous voyons dans Eurotrip. <3#