sábado, setembro 7

Acho que dá. Dá sim. Sou eu que tenho a tendência de superlativar pontos fracos. Ontem eu até pensei que fosse morrer de dor - a da mão pesada comprimindo meu coração, tiranizando-o entre os dedos de mármore. Pensei que minha vida estava erradicada para sempre. Juro que era real. A fadiga e o desconsolo, menageando o desespero infantil, a cambada toda era bem real e queimava dentro de mim. Ontem eu tinha três anos de idade; precisava de colo, de um afago. Mingau e carinho. Queimava. Ai, eu queimava por dentro como se algo estivesse me dilacerando ao meio e eu me sentia delirante, a boca comprimida contra o travesseiro que abafava meu pranto. E agora, a noite é mais amena, então acho que dá para racionalizar. Essas danações. Que me importa se por uma noite ou dez noites? Ontem eu era um bicho; agi por impulso.

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