segunda-feira, março 24

não tenho amigos nessa cidade. mas tenho a companhia demoníaca e cheia de todas as lembranças da primeira vez em que, largo e perfumado, setembro sorriu pra mim. no próximo, eu própria terei virado lembrança desfigurada também. não ameaço. são apenas os caminhos naturais das coisas. você pode fisgar a tendência de algo se repassá-lo com cuidado e esmero na mente.
sou uma planta abandonada sem irrigação. sou morte, em caule e em flor. se não estanco o sangue das minhas mordidas, me jogo em ombros que me deixam chorar o coração partido. minha última refeição já dura horas. agora, serão dez anos de sonhos conturbados, respiração falha, amantes desprezados.
acabou o estoque de sonhos para esta ruidosa morada. mas quando setembro estiver aqui, também eu serei a lembrança mais gentil dessa temporada.

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