domingo, abril 11

É violenta a morte da inocência. Dentro de mim o perdão se confunde com o esquecimento. Dentro de mim, divagações destrutivas passeiam num fluxo submisso, e eu acho que estou perdendo o que me custou meses de investimento. O engraçado é que eu estava preparada pra isso, porque sabia que iria acontecer. Quando, afinal, quando é que alguém com o emaranhado de distúrbios afetivos que eu tenho, consegue a proeza de manter relacionamentos saudáveis? Não falo de relacionamentos românticos. Mas o caos já está instalado, de qualquer maneira, e o que o difere da loucura é capacidade de análise, que eu não tenho. Deus me fez esse poço de sensibilidade porque é de pessoas como eu que o mundo precisa. Pra inflar egos brutos e mimar os explícitos. Os explícitos. A verdade é que eu nunca forjei nenhum desses sentimentos paranóicos e doentios. Loser. E a possibilidade da morte de alguém querido (apesar de tudo) me foi cuspida na cara sem cerimônia. Nunca precisei tanto de um abraço.. Mas ganhei um bocado de desprezo e todas as minhas últimas tentativas de mudança, foram demolidas por uma ou duas frases exalando frieza, enquanto a única maldita coisa que eu precisava era de um abraço. Quem não estava se divertindo ali? Eu? Eu não. Eu sim. Eu, pra variar. Pessoas em quem eu confiava tudo agora me ferem, me ferem sem saber, me ferem com vigor. Fica aqui a minha recusa em lutar, em mudar, em evoluir. Não está valendo a pena, e eu só estou esperando o velório pra ir embora. O velório.. Bem, eu desejei isso algumas vezes, e parece que Deus me ouviu mesmo. E depois? Pra quem já perdeu um dos pais, perder outro não vai ser assim tão surpreendente. Quanta blasfêmia.

Quero meus amigos de volta, só hoje.

Nenhum comentário: