II- Brahmi insuficiente.

(e Gabalon,  Efedrina, Notropil e até Ginko B.)

"(...) mas, é que eu ando analisando paulatinamente todos os eventos ocorridos nesse tempo em que nos conhecemos, e vejo claramente - e é tão cristalino - que eu só sei perder, perder, perder. Não há uma variante".

Perder o quê? Essa coisa de almas que se unem e se fecham numa amizade que não admite contato físico, mas admite o terror divertido de um amor que não se sabe de onde vem; a geografia (apesar de ser um limitante  apenas momentâneo) pode ser bem cruel, você não acha? É mais seguro que eu afaste as pessoas que amo antes que me rejeitem. Eu, rejeitada desde o nascimento; já contei a história da menina que nunca teve pra quem entregar os presentes que as professoras do primário davam às crianças, para que entregassem a seus respectivos papais, no Dia dos Pais? Eu não falava sobre isso, falava? Paternidade é uma palavrinha sem escrúpulos, sem virtudes e sem significado relevante pra mim. É uma palavra tão suja quanto os sentimentos que ela me desperta.

A verdade é que não consigo evitar essa coisa meio loser de achar que vou acabar sendo deixada de lado, e talvez seja isso que explique por que eu continuo aqui, exatamente onde você me encontrou, sem saber se ainda posso contar com a sua compreensão, considerando a minha inabilidade em conservar minhas relações sociais íntegras. São poucas, são mínimas e são suficientes -ou talvez não- na minha vida, a qual (eu aprendi na Igreja) foi paga com um alto preço e portanto, tem um valor inestimável, embora eu não consiga me fazer acreditar nisso tudo aí, que aparenta ser tão reconfortante e outras muitas palavras que trazem paz pro coração da gente.

O que Amelie diria se soubesse que venho gastando todo meu potencial criativo numa rotina de merda, habitada por almas desérticas? Almas que impunemente exijem tudo que eu não posso dar; me sufocam as ideias, abalam e meio sem querer, deformam os meus conceitos que -eu lembro- eram, ao menos supostamente, corretos e saudáveis. Penso em ir embora antes do ódio se instalar. Ou será que é tarde demais? Segundo Three Days Grace, não é não.

Estou cansada, física, mental e emocionalmente; e tanto cansaço por tanto tempo acaba lentamente se tornando uma dormência. "Letargia, aqui me tens por monopólio". Meu futuro continua tendo gosto amargo de vícios agravados pela misantropia, e tudo que vamos fazer por enquanto é ignorar e mandar à merda. Não soa autossuficiente? 

Que seja.