sexta-feira, setembro 10

Divina vergonha retalhada. Desprezada.

Fui achada no núcleo membranoso da ingratidão; flagrante desprovido de aviso, fui exposta vergonhosamente, despida de todas as máscaras que protegiam-me da hostilidade alheia. Ante tamanha surpresa paralisante, vi-me sem nenhum tipo de palavreado com o qual pudesse construir minha defesa. Acusaram-me de faltar com a verdade mínima exigida. De usar para fins abjetos, aquele mesmo palavreado do qual servia-me com luxuosa frequência. Confesso que usei-o incontáveis vezes em momentos onde a lucidez fazia-se minha aliada. Usava-o também quando essa mesma lucidez refugiava-se do uso negligente que eu, sem reconhecer-lhe a importância, usava-a displicentemente para enganar. Enfim. Deflagraram-me as mentiras todas. Não fui nem mesmo considerada digna de misericórdia por ser ainda tão jovem: logo fui devolvida às lascas sagradas da solidão. Cristo… Tu és o mesmo Todo-Poderoso que concedeu a mim a voz que profere com falácia desprezível todo um emaranhado de verbetes vis. Eu sinto muito, eu sinto muito de verdade, meu Cristo.

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