terça-feira, outubro 12

Brutalidade.

Tentarei defini-la como... uma melancolia desleixada. Um sentimento de que, ao deixar todos os meu compromissos por fazer, estarei renunciando ao meu lado humano. Engano, é claro. Algumas pessoas sentem-se completas quando se sentem úteis, realizando diversas tarefas ao mesmo tempo, sem realmente ter algum tempo. Quanto mais coisas a fazer, melhor. E pra mim, que tenho tantos problemas que advêm com o ócio, acredito que essa seria a melhor opção: ocupar-me. Mas existe algo que me paralisa como se eu estivesse atada em minhas próprias responsabilidades, sem conseguir me livrar de nenhuma delas efetivamente. Eu já não sei quantas vezes planejei uma rotina, que seria apropriada pra que eu pudesse cumprir tudo que tinha em mente, mas que ao correr do dia, fui deixando pela metade, aos pedaços, como se o impulso inicial tivesse misteriosamente escorrido pra fora do meu corpo fraco. Sim, fraco. A fraqueza que sinto chega a ser descomunal. Várias partes do meu corpo doem, sem que haja uma explicação plausível pra isso. Somente dói, e todas as partes, desde os ombros até às pernas, são como que feitos simplesmente pra fazer peso. É claro que eu ainda não estou no lastimável estágio de prostrar-me... Há dias em que forço uma recuperação e uma atitude. Nesses dias eu inicio zilhões de projetos, mas ao fim do dia, o que tenho em mãos são nada mais do que pequenos fracassos, planos esperando uma conclusão. É complicado. Algo que muito me aflige é esta constante sensação de que vivo dia após dia arrastando-me pelas calçadas, pelas ruas, e pelos bancos. É uma fadiga que me traz conflitos difíceis de serem resolvidos, sejam eles na escola, em casa, na (raríssima) convivência com as pessoas, e na igreja, principalmente. Ninguém pode entender, imaginar ou esboçar ao menos uma vaga noção do quanto me sinto morta. Inútil. Enquanto muitos conhecidos meus têm uma rotina de estudos, preparação para o vestibular, uma vida social cheia e todo o frescor da juventude pra lhes dar cor e ânimo, eu estou quase sempre dormindo, tentando debalde descansar e repor as energias que há muito não tenho mais; o intrigante é que nenhum sono, por mais longo que seja, tem o poder de me recuperar. Desperto com tanto ou mais cansaço ainda do que quando fui deitar. Embora eu queira realizar coisas, realizar algumas coisas que... enfim, seja lá o que for que eu deveria estar realizando, há essa dificuldade atroz que me impede de mover o corpo e a mente para a direção certa. Isso parece que vai fazer parte da minha vida por um longo tempo; minhas tentativas de pedir ajuda não resultaram em nada. É que não me levam muito a sério. Tenho vontade de fazer nada, de fazer tudo, mas entrego os pontos na metade.

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