É curioso olhar pra trás e perceber que durante três longos anos, você não se preocupou em perseguir um único sonho. Enquanto pessoas que você conhece saboreiam a vitória com uma voluptuosidade quase histérica, você senta na beira da cama e quer se esfaquear por ter ficado para trás. Mais um vez. É bobagem quando você sabe que a culpa foi inteiramente sua, mas mesmo assim se sente injustiçado. Seu curso era muito concorrido? Você nada fez pra ganhar, mas ficou aborrecido com a derrota que honestamente já era esperada. Bobagem, bobagem. Como engolir um fracasso iminente e convencer a si mesmo que você tem outros caminhos para seguir? Todos querem uma universidade e você só quer fugir do convencional, se sentir à margem das expectativas e construir sua própria vida sem ter que ir exatamente para o mesmo lugar que os outros estão indo. Você quer pensar livremente e experimentar o desconhecido. Você quer brilhar em algum palco iluminado à meia-luz, viver do que brota da sua mente, aprender com o sofrimento e aprender como é que funciona o jogo da vida. Você sabe que fez de tudo para se privar de ter um sorrido estampado nos lábios quando saísse o resultado do vestibular. Talvez porque você não queria saber como é seguir a linha contínua já há muito tempo padronizada. Mas talvez... talvez seja porque você ainda não encontrou o seu lugar e tem medo de arriscar só mais um pouquinho. São tantas possibilidades, mas nenhuma lhe agrada completamente. É uma barra pensar que você pode escolher pela estrada menos usada, sem poder prever se as coisas vão dar certo ou se tudo virá a ruir. Sem saber se existem atalhos. Por que você não pode só dormir e então não ter que pensar nestas coisas que lhe deixam taciturno?
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