quinta-feira, janeiro 5

Uh-notophia.

Sou bem assim
Habilmente enfeitando sonhos diurnos
Torturo-me sabiamente pelo deleite pútrido
Pra sobreviver, mastigo pedaços soltos de mim.

Eu rasgo o peito, eu rasgo a dedo melhor que um animal
Sou ave que se debate na poça sangrenta depois da pedrada fatal
Eu esboço e pinto minha dor da maneira que menos me convém
Sou a preliminar que nunca vai além.

Sou o lamúrio que escorre por entre as quentes tochas do inferno
Sou a fome por algum amor, pelo sabor do que é terno
Sou o carrasco que sente medo
Sou fantasma porque sempre vou embora, mas permaneço.

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