Oh, e como tremem as mãos, chacoalham sem ritmo, grosseiramente, mal consegue mantê-las estendidas sobre a mesa, que tenta arranhar com os dedos que sangram, é dolorido o contato com o mármore, a lâmina na mão docemente pronta, umedece os lábios, lábios frios, secos, contorcendo os dedos que agora tentam em vão machucar as pálpebras enegrecidas e encharcadas, a pele do rosto em brasas, a respiração ofegante, suplicante, violenta, a garganta árida que deixa escapar um esgar rouco, um gemido hemorrágico, os olhos não abrem, não abrem, estão colados e a vida escorre em água salina ocular, escorre em sangue fino, a dor é gutural, os punhos atingem o crânio, os pés se debatem, repete-se o massacre em silêncio, os remédios faltam, a vida escorre, a alma morre mais um pouco, mais uma vez, o inferno chora.
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