segunda-feira, julho 2

-ser

Me-ser o animal assustadiço que enterra o rosto nas próprias mãos todas as noites, ao sabor de lágrimas roliças que caem numa enxurrada medonha de vazios e vácuos e ausências. O ritual de me-ser que se concretiza dia-após-dia-após-dia. Faz tanto tempo, faz… tanto mal. Me-ser exige um desvio emocional congênito e nem todas as borboletas estomacais existentes conseguem fazê-lo parecer um pouco mais normal, apresentável.
É que me-ser não é muito estético e recomendável, pois não esqueçamos!, sempre há o carrasco abusivo da solidão entrelaçado às minhas curvas do pensamento. Me deixo abominar o ato de me-ser, me deixo pintá-lo com a mesma fúria terna do espírito passivo-agressivo que abrigo… por baixo… escondido… nesta carcaça de modos arredios.  Como é que fui nascer me-sendo tão sem vontade desse jeito?
Quisera eu saber, primeiramente, como é que todos fazem para ser.

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