segunda-feira, julho 2

Meu amor,

só vim dizer que nenhuma das coisas que te magoaram eram irrelevantes. Eu dizia que sim por achar que então eu ficaria sem nenhum encargo de consciência, uma tentativa de ignorar o quão insensível eu me tornei. Mas eu sabia.
Eu não fui sempre desse jeito. E me dói tanto que tenha sido o jeito que eu me mostrei a ti. Eu queria ter te cuidado melhor, mostrado melhor o que eu senti. Tudo, menos minhas palavras tortas e frias. Eu queria ter curado seu coração e acalmado suas dores, queria não ter economizado em afagos. Queria ser teu lugar favorito para sempre. Tudo que em mim te magoava, eu queria ter mudado. Mas eu não sei ser capaz de fazer nada disso. Eu nem mesmo sei saber. 
Tenho tantas perdas todos os dias, e todas me acusam de ter desistido de ti, do que a gente tinha, do a gente poderia ter e nunca mais vai voltar. Sinto falta e sinto saudade. Elas doem na minha carne e moem meu coração todos os dias, todos os malditos dias em que eu não posso esperar te ver. Um hábito tão bom, tão necessário... Mas o que realmente me desperta o pranto é ter a certeza que mesmo após conhecer todas as pessoas do mundo, em nenhuma delas eu vou encontrar o que só encontrei em ti e no amor que me ofereceu; que eu perdi e que vai ser sempre uma perda, nunca um recomeço ou um abraço sufocante de perdão. 
Eu sei que foi a melhor coisa que poderíamos fazer. 
Sinto muito por ter me tornado um incômodo. 
E eu sempre sinto tanto. Tanto.
Seja quem quiser, me guarde na sua memória como um sonho bom. Lembre-se de mim algumas raras vezes, esporadicamente, apenas o suficiente pra te arrancar alguns segundos de distração; quando alguma música que gostávamos estiver tocando; quando ver alguém parecido comigo ou quando ler Bukowski; quando... quando quiser, por favor. Só não me esqueça completamente. 

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