segunda-feira, julho 30

Edith.


Um gato vivo é qualquer coisa linda
Nada existe com mais serenidade
Mesmo parado ele caminha ainda
As selvas sinuosas da saudade 

De ter sido feroz. À sua vinda
Altas correntes de eletricidade
Rompem do ar as lâminas em cinza
Numa silenciosa tempestade. 

Por isso ele está sempre a rir de cada
Um de nós, e ao morrer perde o veludo
Fica torpe, ao avesso, opaco, torto 

Acaba, é o antigato; porque nada
Nada parece mais com o fim de tudo
Que um gato morto.


- Vinícius de Moraes

Um comentário:

Anônimo disse...

Essa gata tem uma sorte invejável!